Por Bianca Marder Dreyer, doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP e professora da Faculdade Cásper Líbero
O livro Caminhos da Comunicação: tendências e reflexões sobre o digital, organizado pela professora Beth Saad, reúne onze artigos dos pesquisadores do COM+ divididos em três partes: 1. A pesquisa na sociedade digitalizada, 2. A comunicação nas organizações na era dos dados e 3. O cenário de um jornalismo em transformação.
A segunda parte da obra, que trata da Comunicação nas organizações na era dos dados, é fundamental para aqueles estudantes e profissionais que buscam compreender o cenário da comunicação na atualidade e também obter resultados com a comunicação numa era em que os dados regem o ritmo das relações entre qualquer tipo de organização e seus públicos de interesse.
Assim, no primeiro capítulo Comunicação, visibilidade e organizações: reflexões e apontamentos sobre a comunicação organizacional de dados, João Francisco Raposo reflete a respeito do papel central que os dados ocupam na gestão dos negócios e da comunicação, bem como nas estratégias de relacionamento. Segundo o autor, os dados representam “uma lucrativa fonte para as organizações contemporâneas, sejam elas do governo ou privadas, que operam por meio da observação e análise constantes de nosso comportamento online em uma dinâmica gerada e voltada para os dados (p. 80 – ed. do Kindle). A questão é que não existem fórmulas que garantam o sucesso ou até mesmo modelos perfeitos porque cada organização precisa realizar um trabalho completo de monitoramento e ações de incentivo para que os públicos participem das mais diversas iniciativas.
No segundo capítulo, Publishers de conteúdo no ambiente digital: as marcas no papel de influenciadoras digitais, Carolina Frazon Terra mostra “como as organizações podem se tornar agentes influenciadores no ambiente digital, tal e qual os influenciadores digitais, personas individuais (p. 94 – ed. do Kindle)”. A autora esclarece que “para que sejam consideradas junto às suas audiências, as organizações têm que se fazer visíveis, legítimas, prestadoras de serviço (p. 98 – ed. do Kindle)”. Para isso, é fundamental que elas entendam que possuem conteúdo referente ao segmento em que atuam e podem se tornar máquinas produtoras de informação e influência para as suas audiências (p. 103 – ed. do Kindle). Terra apresenta exemplos práticos e propõe um modelo de aquisição de influência direta para as marcas com passos para atingir a influência no ambiente digital.
Para fechar a segunda parte do livro, Daniele Cristine Rodrigues discorre sobre Narrativas de marcas no ambiente digital: um híbrido de formatos e linguagens dos mundos da publicidade e do editorial. A autora (p. 109 – ed. do Kindle) reforça a necessidade de narrativas que façam sentido para o público e destaca três elementos que devem ser considerados: a popularização das tecnologias de comunicação; o fortalecimento da cultura do fã e o desejo de narrativas verossímeis. Rodrigues (p. 113 – ed. do Kindle) explica que “é importante compreender um modelo narrativo que viabilize conceber os conteúdos de marcas de forma híbrida”, criando diálogos relevantes que identificam as tensões do público e, a partir disso, respondam como seu produto ou serviço faz parte da solução desta demanda. Ao final do capítulo, a autora (p. 122 – ed. do Kindle) mostra os três pilares que corroboram para narrativas estratégicas: o enredo – narrativa que coloca o público como parte real da história; a forma: planejamento, autenticidade e canais numa lógica de ecossistema e com linguagem adequada a cada meio; e, por fim, a exatidão: cada conteúdo no momento exato para se conectar a jornada do receptor.
Os três artigos apresentados proporcionam ao leitor não apenas as tendências e as reflexões necessárias para a comunicação das organizações na era dos dados, mas mostram sobretudo os caminhos da comunicação, indicando estratégias e sugerindo modelos para que cada profissional encontre a melhor alternativa para o seu negócio.