Por Mayanna Estevanim
As discussões sobre o jornalismo marcaram o mês de setembro de atividades e publicações do grupo de Pesquisa Com+, que se dedica também aos estudos da comunicação organizacional e das relações que envolvem a nossa área da comunicação com as tecnologias e inovações. Encerramos o mês com a finalização do webinário Empregabilidade no Jornalismo Digital Brasileiro: panorama de desafios e competências necessárias de trabalho, que é um conjunto de depoimentos de profissionais da área que atualizam a multiplicidade de atividades do jornalismo. Um material rico principalmente para aqueles que estarão em breve no mercado de trabalho. O webinário discutiu negócios, tecnologia e internet para as empresas jornalísticas, novas funções, projetos independentes que envolvem extração e análise de dados, a importância da curadoria digital diante da escassez de tempo dos leitores, jornalismo sem fins lucrativos e muito mais. Contou com nomes como Ralphe Manzoni Jr (NeoFeed), Murilo Garavelo (Uol) , Guilherme Felitti (Novelo) , Renato Cruz (Inovajor) Cristina de Luca/Sílvia Bassi (The Shift) e com Leonardo Sakamoto (Blog do Sakamoto). O conteúdo completo, com os links para os bate-papos estão disponíveis em: https://www.youtube.com/watch?v=ccTdxHCwvHs.
As atividades não ficaram por aí, além das discussões sobre o mercado atual, teve também a publicação de dois artigos científicos que oferecem um panorama de questões atuais do jornalismo. A última edição da Revista Fronteiras – estudos midiáticos, da universidade Unisinos traz a discussão sobre o contexto da desinformação na contemporaneidade e o papel do jornalismo nesse cenário. No texto Reflexões sobre ontologias jornalísticas no contexto de desinformação e crises sistêmicas, de autoria da professora dra. Elizabeth Saad, coordenadora do Com+, é abordada a práxis e ontologias especialmente com relação aos processos redacionais de verificação. O pressuposto do estudo é que existem diferenças na verificação redacional cotidiana e das atividades e processos que emergem do fact-checking. Para ela, “novos posicionamentos ontológicos diante de ondas de desinformação preservam o jornalismo de qualidade, mas necessitam de processos mais complexos que aquele já consolidado de verificação redacional. O fact-checking parece ser o complemento oportuno para dar conta do cenário e olharmos para o jornalismo como parte de um ritual comunicativo enraizado nas bases da sociedade que atua”, apontou. O artigo está disponível para download gratuito em: http://revistas.unisinos.br/index.php/fronteiras/article/view/22583.
No segundo artigo, a pesquisadora do Grupo Com+, Daniela Osvald Ramos, juntamente com Gabriel Rizzo Hoewell, discutem o jornalismo sob o viés do não-lugar (AUGÉ, 2012) e a relação com a descronicidade (HAN, 2017b). Intitulado Uma perspectiva histórica da temporalidade no jornalismo e formatos contemporâneos: não-lugares e descronicidade, o artigo faz parte da última edição da Revista Brasileira de História da Mídia, da Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia – ALCAR. Os autores partem da observação de formatos efêmeros e de temporalidade desacelerada para pensar o tempo e o espaço no jornalismo nas plataformas de redes sociais. Para eles, toda experiência humana é indissociável da sua relação com o tempo e o espaço, questão estrutural para o jornalismo e sua compreensão contemporânea, uma vez que o jornal tem como característica definidora a universalidade, publicidade, atualidade e periodicidade (Groth, 2011) agora numa perspectiva do espaço e tempo numéricos. O artigo está disponível para download em: https://revistas.ufpi.br/index.php/rbhm/article/view/10441.
Esse conjunto de materiais sobre o jornalismo são uma verdadeira aula; integram discussões relevantes para pesquisadores e profissionais e mostram como teoria e prática estão mais alinhadas do que nunca.