Por Mayanna Estevanim, pesquisadora do COM+
Recentemente um assunto polêmico marcou as empresas jornalísticas brasileiras: a publicação de um anúncio, um manifesto da Associação de Médicos pela Vida, que defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19. O material veiculado em impressos como Folha de S.Paulo, Zero Hora, Correio Braziliense, O Globo, entre outros, se enquadra na publicação comercial paga feita em jornais. No entanto, a decisão das empresas midiáticas de vender o espaço para este conteúdo foi alvo de inúmeros questionamentos por contrariar matérias produzidas pelos próprios veículos jornalísticos. Não há eficácia comprovada de medicações como Ivermectina ou Hidroxocloroquina contra a Covid-19. O jornalista Leonardo Sakamoto foi um dos que se manifestou falando sobre como a atitude depõem contra o trabalho de jornalistas. A agência de fact-checking Lupa também falou sobre o assunto.
São muitos os estudos que abordam a relação conteúdo X publicidade, vendas de espaços e as diferentes formas de divulgação, principalmente diante de um contexto hipermídia. Os anúncios fazem parte do contexto de qualquer empresa, são meios para atrair consumidores. Nesta semana, um levantamento feito pelo Twitter e pela IPG Mediabrands, divisão de soluções de mídia e marketing da Interpublic Group apontou que, em redes sociais e demais plataformas da Internet, o conteúdo que aparece no entorno das publicidades é fundamental para o sucesso. Conteúdos confiáveis elevam em 10% a intenção de compra. As agências Meio & Mensagem e Propmark divulgaram outras informações sobre esse estudo, que valem leitura.
Eficácia positiva sobre a marca e intenção de compra diante das adjacências dos conteúdos são temáticas que precisam ser discutidas, ponderadas e demandam ações coordenadas, em qualquer empresa, no digital ou não, principalmente entre aquelas que possuem uma relação complexa entre a prestação de serviço, sobrevivência de mercado e são meios comunicativos.